Fonte: Folha de Londrina
19/06/24

sábado, 15 de junho de 2024

Uma mobilização que prevê ações integradas para prevenção de crimes nas mais de 276 mil propriedades rurais do Paraná vem reduzindo as ocorrências policiais no campo.

Segundo dados da Polícia Militar do Estado, houve queda dos principais indicadores criminais no ambiente rural no primeiro quadrimestre deste ano (janeiro a abril) em comparação ao mesmo período de 2023.

A queda de homicídios, roubos, furtos qualificados, furto de gado, roubo de veículos e furto/roubo de insumos agrícolas ficou em 25%, 22%, 28%, 45%, 39% e 36%, respectivamente, na comparação entre os dois períodos.

Entre as ações que contribuíram para essa queda de ocorrências estão o aumento de 128% no cadastro de propriedades rurais, a alta de 129% na adesão ao Programa Patrulha Rural Comunitária 4.0 (com a instalação de placas de identificação), além da divulgação de uma cartilha com dicas de prevenção.

POLICIAMENTO DE PROXIMIDADE

Também registramos ampliação dos indicadores repressivos por parte da polícia ? crescimento de 28% nos mandados de prisão e de 31% no flagrante de tráfico de drogas, completa o capitão da PM Íncare Correa de Jesus, chefe da Coordenadoria de Patrulha Rural Comunitária.

O capitão cita ainda ações como o policiamento de proximidade junto à população rural (cadastro de propriedades, visitas e reuniões comunitárias) e o desenvolvimento de ações conjuntas junto aos Consegs (Conselhos Comunitários de Segurança Urbanos e Rurais), às Sociedades Rurais e aos Sindicatos Rurais em todo o território paranaense.

CADASTRO

O capitão da PM explica que o cadastro da propriedade é realizado a partir de visitas das equipes de Patrulha Rural junto à comunidade.

Na ocasião, os produtores são orientados quanto à prevenção da criminalidade nas propriedades rurais, principalmente sobre crimes contra o patrimônio ? furto e roubo em geral, de animais (abigeato), de insumos e de maquinário agrícola.

A partir desse momento, os produtores passam a fazer parte da rede de segurança rural da comunidade a que pertencem (grupos de comunicação instantânea) e passam a ter a oportunidade (facultativa) de instalar uma placa de identificação na entrada de sua propriedade às suas despesas.

Interessados em fazer parte do programa devem entrar em contato com os batalhões e companhias da Polícia Militar nos municípios.

Além disso, os sindicatos rurais têm participado ativamente como elo desta integração entre a Polícia Militar e a comunidade, direcionando os interessados em participar do Programa Patrulha Rural Comunitária 4.0 às equipes da Patrulha Rural de cada região/município, pontua.

PREVENÇÃO

O produtor rural Marcelo Ferreira Perez e a família aderiram há cerca de dois anos ao Programa Patrulha Rural. A propriedade deles fica no distrito de Guaravera, em Londrina. Nunca fomos vítimas de crimes, mas nos vizinhos já ocorreu algumas vezes, antes da patrulha, relembra.

Entre os benefícios do programa, Perez cita, além do contato direto com os policiais, a placa de identificação da propriedade integrante do programa. A localização da propriedade é demarcada via GPS. Com isso, em caso de ocorrência, pelo cadastro, os policiais conseguem se deslocar mais rapidamente ao local, explica.

Outro benefício do programa apontado pelo produtor rural é o cadastramento das máquinas agrícolas e dos veículos pelo número de chassi.?Em caso de roubo, a patrulha já tem no sistema as máquinas cadastradas, proporcionando uma resposta mais rápida.

Marcelo Perez integra alguns grupos de WhatsApp para troca de informações sobre segurança. ?Qualquer movimentação diferente, avisamos a polícia e eles vêm rapidamente. Estamos bem contentes com esse sistema, conclui.

FRENTES

Edivânia Picolo, técnica do Departamento Jurídico do Sistema Faep/Senar-PR, ressalta que, desde a sua fundação, a Faep trabalha em diversas frentes para mobilizar produtores e líderes rurais em prol da segurança nas áreas agropecuárias.

Nos últimos anos, a entidade apoiou de forma efetiva o fortalecimento da Patrulha Rural da Polícia Militar, dando suporte e contribuindo com a conscientização de produtores rurais sobre a importância do tema, pontua.

Segundo a técnica, prova disso é que a federação elaborou, em conjunto com a PM, uma cartilha disponível em todo o Estado para ajudar na construção de uma cultura de segurança pública em comunidade.

Além disso, os sindicatos rurais têm se engajado nos Conselhos Comunitários de Segurança, com apoio da Faep. O Sistema Faep/Senar-PR deu o exemplo e cadastrou o CTA (Centro de Treinamento Agropecuário) de Ibiporã junto à PM e instalou uma placa de identificação no local, como inspiração para que proprietários rurais façam o mesmo. Tudo isso tem contribuído direta e indiretamente para uma nova cultura de segurança pública, com resultados efetivos na queda dos índices de criminalidade em áreas rurais?, destaca.

CARTILHA

A cartilha mais recente sobre segurança rural produzida pela PM e pelo Sistema Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) foi lançada em setembro de 2021.

Os temas tratados envolvem mudanças comportamentais e estruturais por parte dos moradores de áreas mais distantes de centros urbanos.

Há, inclusive, ilustrações que ajudam os habitantes das áreas rurais a tornarem suas casas, lavouras e edificações mais seguras.

O material impresso pode ser encontrado nos sindicatos rurais, delegacias e outros órgãos do governo estadual que tenham atendimento relacionado às atividades agropecuárias.

A versão digital está disponível no site do Sistema Faep/Senar-PR: sistemafaep.org.br/cartilha-seguranca-rural/

É importante que os proprietários rurais cadastrem seus imóveis no cadastro da Patrulha Rural e participem dos grupos de segurança que a patrulha cria na sua região. Além disso, a recomendação é que sempre seja feito Boletim de Ocorrência dos eventuais crimes dos quais os produtores sejam vítimas, para possibilitar o embasamento de políticas públicas, conclui a técnica.
Algumas dicas de segurança que constam na cartilha

– A comunidade rural deve considerar o espaço no entorno de sua propriedade como território seu, colaborando na sua manutenção e cobrando as medidas cabíveis dos órgãos competentes (estradas com pavimentação segura, substituição de lâmpadas queimadas, recolhimento do lixo, sinalização das estradas, entre outras). Criminosos preferem atuar em lugares com aspecto de abandono.

– Quanto maior a visibilidade do local, maior a segurança. Locais com visibilidade obstruída por cercas vivas, paredões verdes, muros opacos, falta de iluminação, entre outros, facilitam a ação do delinquente.

– Controlar corretamente a entrada e saída de colaboradores e visitantes é também uma das formas mais eficientes de se promover a segurança nas propriedades rurais.

– É importante manter o menor número possível de acessos à propriedade. O ideal é ter uma única porteira, isso torna a vigilância mais eficiente.

– Conhecer e manter sempre contato com os vizinhos de confiança.

– Informar a PM e vizinhos sobre suspeitos e invasores.

– Denunciar, por meio do telefone 181, o tráfico de drogas e armas, tentando prestar o máximo de informações sobre os suspeitos.

– Utilizar estratégia de segurança e sistema de alarme integrado (sinal de luz, buzinas, acionamento do alarme do carro, etc.).

– Incentivo à criação e participação de Conselhos Comunitários de Segurança Rural.

– A iluminação deve permitir o máximo de visibilidade, de preferência sem a necessidade de se ir ao local observado.

– Sugere-se instalar iluminação com sensor de presença por todo o quintal e redondezas.

– Alguns sistemas de iluminação, sujeitos ao vandalismo, devem estar protegidos com grades, telas metálicas e/ou sensores de presença, de forma a evitar depredações (as quais têm o propósito de escurecer o ambiente, para propiciar a ação criminosa).

– Instale iluminação de emergência para casos de falta ou queda de energia.

– Manter em dia a manutenção de toda a parte elétrica da propriedade.

– Tanto a casa do proprietário quanto a do administrador devem possuir a melhor visibilidade e, de preferência, serem edificadas em um local elevado.

– Construa um cercado, que pode ser uma grade, em torno da residência principal.

– As grades devem ter altura suficiente para impedir ou dificultar a entrada de invasores ou pessoas não autorizadas.

– É necessário manter-se um espaço interno que obrigue um possível invasor a se expor, caso queira ultrapassar este limite e chegar à residência.

– Portão de entrada ou porteira com cadeados, portões reforçados, pintados com cores mais claras, com sinalização de ?Propriedade particular?, com trancas e cadeados.

– A visibilidade é fator importante para segurança, portanto cercas e grades são ideais observando-se que seus mourões devem ser fortes (de preferência de concreto) e com uma altura mínima que desincentive a invasão.

– Sobre as salas com materiais, equipamentos, defensivos agrícolas, fertilizantes, adubos, é importante que as janelas tenham grades, que as portas sejam maciças e com fechaduras reforçadas. Elas devem ter alarmes e o proprietário deve manter o controle de estoque.

– Havendo criação de animais como bovinos, equinos ou outro tipo, não deixe o rebanho em pastos próximos a estradas, longe da sede, principalmente no período noturno, para dificultar o furto. Se não for possível, destine os pastos mais vulneráveis para o gado mais fraco e os pastos mais seguros para o gado mais gordo e manso.

– Ainda sobre os rebanhos, mantenha vigilância noturna. Coloque cadeados nas porteiras e embarcadouros, a fim de prevenir furto de animais.

– Identifique devidamente o seu rebanho com sua marca, insígnia ou sinal que possa distingui-lo e/ou reconhecê-lo em caso de necessidade.

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