Fonte: eBand
15/10/25

Por Da redação
09/10/2025 • 16:30 • Atualizado em 09/10/2025 • 16:30

O recente aumento nos casos de adulteração de bebidas com metanol trouxe à tona um problema mais amplo: a crescente presença do PCC e de organizações similares na agroindústria.

Um aspecto pouco debatido é que o mesmo método de operação tem se manifestado de forma alarmante no comércio ilegal de agroquímicos.

Esse crime resulta em prejuízos ambientais que superam R$ 3 bilhões anualmente, além de causar sérios problemas de saúde. Entre 2019 e 2023, foram registrados mais de 14.500 casos de intoxicação e 439 mortes — números que, devido à subnotificação, podem ser ainda maiores.

A chamada “máfia do veneno”, possivelmente ligada a uma facção do PCC, atua em três frentes: contrabando de produtos por fazendas na fronteira, especialmente no Paraguai; roubo de cargas; e fabricação de insumos piratas, que incluem a reclassificação de mercadorias desviadas.

O Brasil se destaca como o maior consumidor de defensivos agrícolas do mundo, com mais de 300 mil toneladas por ano, embora uma parte significativa circule clandestinamente, sob a “cobertura” do PCC do agro. Essa carga é extremamente perigosa, chegando a ser utilizada como arma química.

O agronegócio brasileiro é um setor vital e um pilar de inovação. Contudo, como ocorre em países que lidam com organizações criminosas, os segmentos mais robustos da economia também atraem sombras indesejadas.

Diante de várias investigações em curso, fontes do setor defendem a implementação de rastreabilidade para os produtos. A proposta sugere um sistema público integrado com a Receita Federal, a Polícia Rodoviária Federal e outros órgãos que possam monitorar a movimentação dos produtos em tempo real até o consumidor final.

Recentemente, o Ministério da Agricultura iniciou discussões sobre o tema, mas a proposta perdeu força devido à resistência da bancada ruralista no Congresso Nacional.

Parlamentares da bancada ruralista tentam evitar a instalação da rastreabilidade pública e defendem um modelo privado. Fontes ligadas ao setor alertam que a ferramenta pública, integrada com as forças de segurança, será a melhor opção para combater o avanço do crime organizado.

Com uma ferramenta pública, especialistas defendem que a burocracia da fiscalização seria reduzida e que todos os dados poderiam ser concentrados em um QR Code capaz de armazenar todas as informações de uma carga de agrotóxico, evitando possíveis desvios ou violações.

A indústria de pesticidas expressou descontentamento com a norma, argumentando que o modelo de rastreamento proposto será “pouco eficaz” e acarretará custos adicionais, além de restringir o uso de outras tecnologias no controle de produtos.

Parlamentares ligados ao setor do agronegócio também já apresentaram projetos de decretos legislativos para barrar a norma, mas ainda não há previsão de votação.

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