O Tempo
20/05/15

Gabiroba e cagaita são a base de medicamento desenvolvido por pesquisadores da Funed, que já está em formulação para ser patenteado

DA REDAÇÃO

Em breve, um medicamento contra o rotavírus a base de plantas do cerrado mineiro poderão ser comercializados no Brasil. O produto está sendo desenvolvido por pesquisadores da Fundação Ezequiel Dias (Funed) com apoio do Programa de Incentivo à Inovação (PII), promovido pelo Sebrae Minas e pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado de Minas Gerais (SECTES).

A previsão é que o fitoterápico feito com extratos da gabiroba e da cagaita tenha um custo acessível para ser distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o rotavírus mata cerca de 610 mil crianças por ano em todo o mundo e corresponde a 5% de todas as mortes entre menores de 5 anos. A doença causa diarreia aguda com duração no mínimo de 14 dias e pode levar a desidratação, vômitos e febre, além de problemas respiratórios como coriza e tosse.

A transmissão da doença pode ser via fecal-oral, quando o vírus é eliminado nas fezes do paciente que, em contato com a água e alimentos pode aumentar risco de contaminação, principalmente, pelas mãos. Por isso a principal medida para evitar a rotavirose é a higiene das mãos, que pode ser feita com água e sabão ou álcool em gel antes das refeições e após usar o banheiro.

O SUS disponibiliza uma vacina para prevenir a rotavirose em crianças de até 6 meses de idade. Porém, para a população em geral, não existe vacina para prevenção das diarreias. A infecção pelo vírus pode acontecer em qualquer idade, mas é mais grave nas crianças. “O que se faz hoje é tentar amenizar os sintomas para que a infecção não se agrave, com medidas como hidratação e repouso”, explica a pesquisadora da Funed responsável pela pesquisa Alzira Batista Cecílio.

É por isso que Alzira e uma equipe de pesquisadores da Funed, há cinco anos, estão pesquisando uma solução para a doença e comprovaram, ao longo deste período, que a atividade antiviral dos extratos das duas plantas, a gabiroba e a cagaita combatem, a infecção causada pelo rotavírus. “Estamos trabalhando para criar o primeiro medicamento fitoterápico específico para a rotavirose, que possa reduzir a carga viral nos pacientes e, assim, combater mais rapidamente os sintomas da doença. Estamos na fase de formulação para patentear o fitoterápico”, explica Alzira.

Além disso, a tecnologia não representa risco para a flora do Cerrado, isto porque as plantas serão cultivadas utilizando a técnica de micropropagação, que permite a rápida reprodução. O processo de produção é baixo, o que implica em um medicamento acessível tanto para o SUS, quanto para ser adquirido nas farmácias pela população. “A tecnologia ajudará no combate a um problema de saúde pública do país, beneficiando especialmente a população carente, hoje, a mais afetada pelo rotavírus”, diz a pesquisadora.
 

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