O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) começa o ano com uma boa notícia na área de fitoterápicos: dois projetos apoiados pela unidade são contemplados com recursos do Ministério da Saúde. A verba deverá ser utilizada em três anos para implantação e consolidação de Farmácias Vivas nos municípios de Piacatu (SP) e Betim (MG). O resultado reafirma o compromisso da instituição em contribuir com novas opções terapêuticas a partir do uso sustentável da biodiversidade, pautadas no conhecimento tradicional.

A aprovação dos projetos foi possível graças ao trabalho realizado pelas Redes Fito, coordenada pelo Núcleo de Gestão em Biodiversidade e Saúde de Farmanguinhos (NGBS). Desta forma, enquanto Betim participa das Redes como parceir, Piacatu já dispõe de um grupo de trabalho das Redes Fito para estruturar a fitoterapia na região nordeste de São Paulo e iniciar a implantação de um Arranjo Ecoporodutivo Local (AEPL).

Segundo o engenheiro agrônomo Valério Morelli, que atua no NGBS, os objetivos são distintos em ambos os municípios. Em Piacatu, por exemplo, será implantada uma unidade de Farmácia Viva. Em Betim, que já conta com o programa, pretende-se consolidar a produção da matéria-prima vegetal, de modo a promover autonomia do município na produção de plantas medicinais. Nos dois, a prioridade será controle de qualidade da Farmácia Viva.

“Os recursos serão investidos em quatro eixos principais: manipulação ou produção; controle de qualidade; dispensação; e capacitação. Em todos eles as ações visam à implantação ou consolidação da Farmácia Viva municipal, por meio da compra de equipamentos, materiais de consumo e pagamentos de despesas de viagem dos parceiros”, explica Morelli.

Prefeito de Piacatu, município a pouco mais de 500km de São Paulo, Euclasio Garrutti explica que um dos motivos para implantação da Farmácia Viva é reverter a grande demanda por medicamentos industrializados. “Para se ter uma ideia, a cidade, apesar de pequena (6 mil habitantes), convive com uma fila enorme de pessoas que vão à farmácia municipal diariamente buscar medicamentos sintéticos. Eu preciso mudar essa cultura de produtos farmacêuticos na minha cidade. Minha mãe, por exemplo, criou 13 filhos usando basicamente plantas medicinais para combater doenças. Todos estamos vivos até hoje”, frisa.

Garrutti faz questão de ressaltar que não basta distribuir plantas medicinais, é preciso superar a desconfiança da população. “A introdução de fitoterápicos na saúde pública de Piacatu, e de todo o país, ainda é encarada com preconceito. Mas o Brasil tem pressa e estamos nos preparando para superar essa dificuldade a partir da capacitação das equipes de saúde”, assinala.

O primeiro ano será dedicado a estruturar fisicamente, à compra dos equipamentos e dos insumos, e à capacitação dos profissionais que trabalharão na produção. No segundo está prevista a produção de pelo menos um fitoterápico. O projeto é liderado pela Redes Fito e tem a participação de agricultores da região.

Fonte: Fiocruz

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