Marcelo Abdo, vice-presidente da empresa: novos registros, mais mercado

Em ritmo forte de crescimento desde que foi criada, em 2010, a Ourofino Agrociência , empresa brasileira com foco em defensivos pós-patente (genéricos), tem planos ambiciosos para os próximos anos: com o progressivo avanço da produção agrícola no país, prevê dobrar sua receita líquida até 2021 em relação aos R$ 625 milhões obtidos em 2016.

Fundada por Norival Bonamichi e Jardel Massari, donos da Ourofino Saúde Animal, maior indústria veterinária de capital nacional no país, a empresa começou a ser idealizada em 2007. Construiu uma fábrica que começou a operar em Uberaba (MG) há sete anos com financiamento do BNDES – cerca de R$ 80 milhões de um empréstimo de R$ 100 milhões, que serviu também para o capital de giro inicial – e cresceu sobretudo no mercado de agrotóxicos para a cana.

Já tem 10% de participação no segmento de agrotóxicos para cana-de-açúcar e pretende chegar a 12% em 2017. No mercado total, que movimentou US$ 9,6 bilhões em 2016, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), ficou com fatia de 1,6%, e o objetivo é atingir 1,9%.

“À medida que os registros dos novos produtos saem, a participação aumenta”, disse Marcelo Damus Abdo, vice-presidente da Ourofino Agrociência, ao Valor. Embora trabalhe com pós-patentes, há fórmulas adaptadas pela empresa que estão na fila para aprovação. A Ourofino produz 33 produtos no total, e espera que mais 24 sejam aprovados – dez ainda neste ano.

Segundo Abdo, o diferencial da empresa é justamente a adaptação de produtos para a realidade climática brasileira. Para isso, tem negociado linhas de crédito de dois anos com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para investir em pesquisa e inovação. O último contrato, firmado neste ano, prevê a liberação de R$ 42 milhões, desde que a Ourofino invista, com recursos próprios, outros R$ 18 milhões no período. O desenvolvimento de produtos em parceria com a Embrapa também está no radar.

Parte dos recursos do último contrato – R$ 12 milhões – foi investido na nova na planta de WDG (grânulos dispersíveis), tecnologia voltada à fabricação de produtos químicos granulados, que proporcionam menores perdas e risco mais baixo de intoxicação para o produtor. Com a unidade, a Ourofino começou a fabricar dois herbicidas voltados para cana cujos direitos de uso foram adquiridos da americana DuPont em dezembro. A unidade tem capacidade de para 6 mil toneladas por ano.

A capacidade instalada total do complexo industrial da empresa em Uberaba chega a 120 milhões de litros de produtos por ano. Em 2016, a utilização dessa capacidade foi da ordem de 30%. “A Ourofino construiu uma planta industrial para também produzir para os nossos concorrentes”, disse Abdo. Segundo o executivo, dos 35 milhões de litros produzidos em 2016, cerca de 8 milhões foi para terceiros.

Visando agilizar as importações de matérias-primas, a Ourofino Agrociência abriu escritório na China e contratou cinco funcionários no país, que inspecionam as cargas antes do embarque para o Brasil. Segundo Abdo, aproximadamente 98% da matéria-prima usada pela companhia é importada – 95% do total, da China.

Diferentemente do que acontece com as múltis de agroquímicos que atuam no país, a Ourofino diz que não tem sido afetada pelos estoques elevados. Sem ter matriz no exterior para buscar recursos mais baratos, a análise de crédito da Ourofino é mais restritiva, segundo o executivo. No ano passado, as perdas em créditos de liquidação duvidosa da empresa somaram R$ 3,1 milhões.

Ainda que não considere uma eventual oferta de ações, a empresa não descarta a entrada de investidores em seu capital, sobretudo de estrangeiros. A companhia tem os balanços auditados pela PwC (PwC) desde sua criação, e esse, conforme Abdo tem sido um atrativo.

 

Fonte: Valor

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