A passagem dos 45 anos de fundação da empresa Cristália Produtos Químicos e Farmacêuticos Ltda vem merecendo por parte de toda comunidade que gravita em torno desta que foi considerada no ano passado como a melhor empresa do setor farmacêutico de todo o Brasil, um acompanhamento todo especial. A efeméride terá desdobramentos diversos ao longo de todo este ano.
Na manhã desta sexta-feira, o médico Ogari de Castro Pacheco, o Dr. Pacheco, atendeu com exclusividade A GAZETA, onde fez diversas considerações a respeito do atual momento da empresa, da qual, hoje exerce a presidência do Conselho Executivo, delegando ao presidente Executivo, Eduardo Job, a batuta administrativa de todo o complexo industrial.
Quando solicitado em expressar sua opinião a respeito do que ocorre de mais importante dentro da empresa que ajudou a fundar com o saudoso colega João Maria Stevanatto, Pacheco pede um segundo de reflexão para em seguida destacar a importância do Cristália em não se posicionar “como mero produtor de comprimidos ou xaropes”. Ele deu ênfase ao fato de nestes 45 anos a empresa ter percorrido um caminho diferenciado, privilegiando processos de pesquisa que culminaram em um rico acervo de patentes e mais importante ainda, permitiu ao Laboratório Cristália atingir a incrível capacidade de produzir 53% da matéria prima que utiliza em seu processo de fabricação, enquanto que a média nacional orbita na casa de módicos 10%.
Em seu entendimento, este legado científico é o que de principal o Laboratório Cristália deixa para Brasil, com “muito conhecimento introjetado e agregado ao longo destes anos todos, fazer coisas que o país desconhecia”. Pacheco foi buscar na memória, imagens da transformação física das dependências da unidade da SP- 147, para em seguida reforçar esta sua visão peculiar do legado do Laboratório Cristália. “Para além das entrelinhas dos prédios e das construções, observo que o Cristália foi uma escola onde muitas pessoas tiveram oportunidade de crescer profissionalmente”, corroborou.
Oncologia
Revelou que que a empresa está em fase de instalação de equipamentos para um novo núcleo de produção de matéria prima voltada para produtos oncológicos. Avalia que existam no mercado duas dezenas de moléculas empregadas no processo de quimioterapia, das quais mais de um terço deverão ser produzidas neste novo complexo. “Temos como desafio produzir aqui o que é integralmente importado nos dias de hoje”, projetou.
Toda esta determinação em expandir as fronteiras do conhecimento em sua área de atuação vem ancorada por uma política que direciona recursos imprescindíveis para a empreitada. O Cristália destina 6% de seu faturamento líquido para investimentos em novos produtos, o que enseja uma verba polpuda se for levado em consideração que o faturamento total da empresa em 2016 foi em torno de R$ 1,7 bilhão.
Falando em economia, Pacheco disse acreditar que o país vá superar a grave crise econômica, atrelada a uma não menos grave crise política que assusta e castiga a sociedade brasileira. “Sou otimista. Acredito que as coisas irão melhorar”, considerou. Em seguida fez uma conjectura, na qual acrescenta que se não fosse a crise, o Cristália estaria em uma situação ainda melhor do que se encontra. Questionado se em meio à crise (que costuma abrir boas oportunidades de negócio para empresas capitalizadas) o Cristália não está indo às compras, Pacheco responde num tom enigmático que a empresa “sempre analisa oportunidades de investimento”. Fontes do mercado dão como certa uma nova investida da empresa sediada em Itapira. A última aquisição ocorreu em 2015 quando a empresa incorporou a Latino Farma, especializada em produtos oftalmológicos e ampliou o seu portfólio.
Empregos
Menos mal que estes efeitos da crise tenham atingido a empresa, como diria um emblemático personagem da política nacional, como uma “marolinha”. Afinal, ainda que num ritmo menor do que aquele que expressou que gostaria de ver realizado, o Cristália cresceu cerca de 10% no ano passado e não demitiu ninguém. Pelo contrário, tem contratado. Emprega atualmente um universo em torno de pouco mais de cinco mil pessoas em toda sua estrutura empresarial espalhada em unidades estabelecidas aqui em Itapira, Cotia, São Paulo e até uma em Buenos Aires – o Laboratório IMA, especializado em injetáveis oncológicos.
Perguntado a respeito do imponente prédio erguido às margens da rodovia SP- 147 (no trecho Itapira-Mogi Mirim) onde já funciona o novo centro de distribuição, Pacheco abre um sorriso de indisfarçável satisfação. “Temos a melhor logística para hospitais de todo o Brasil”, afirmou. A respeito do delicado tema de geração de empregos no novo investimento, foi direto e preciso: “Para operar nosso novo centro de distribuição necessitamos remover pessoas do local onde este setor operava. Com a desativação deste espaço, iremos dar sequência ao planejamento feito no sentido de ampliarmos nossas instalações, aí sim, abrindo perspectivas para a contratação de novos funcionários”, arrematou.
Fonte: A Gazeta | Sábado, 11 de março de 2017