Pesquisadores testam medicamento utilizado para malária em tratamento para o Coronavírus

Em mais um momento desafiador para a saúde pública brasileira, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) reafirma seu caráter estratégico para o Brasil. Diante da pandemia do novo coronavírus, que tem afetado milhões de pessoas em todo mundo, a cloroquina, medicamento produzido pela Unidade, surge como possibilidade para tratamento da Covid-19, em pacientes que estejam hospitalizados e em casos graves.

Farmanguinhos é produtor público da Cloroquina na concentração 150 mg, cuja distribuição no Sistema Único de Saúde (SUS) atende ao Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária, do próprio Ministério. O medicamento é usado desde 1930, inclusive para mulheres grávidas, bem como para o tratamento de doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide.

O Instituto conta com o Complexo Tecnológico de Medicamentos altamente qualificado com capacidade para produzir até 7 milhões de comprimidos deste medicamento por mês. Atualmente, a instituição possui em estoque 3 milhões de unidades farmacêuticas para o tratamento de malária, os quais já foram entregues de forma antecipada ao Ministério da Saúde com o propósito de serem utilizadas da maneira mais eficiente possível.

Farmanguinhos na Parceria estratégica para testar eficácia da cloroquina – Para atestar a efetividade dessa substância no combate ao novo coronavírus e reiterar a capacidade técnica de Farmanguinhos em atender a essa demanda emergencial, a Fiocruz e parceiros realizam estudo clínico em indivíduos de ambos os sexos, com idade entre 18 e 80 anos, que não apresentem contraindicações a esse medicamento.

O estudo clínico (CloroCOVID-19) foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) no dia 23 de março. A previsão é de que as análises preliminares sejam divulgadas na segunda semana de abril.

A investigação é liderada pelo Dr Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda, pesquisador do Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia) e médico infectologista da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD). “Os estudos realizados em outros países ainda são iniciais, não são robustos o suficiente para realizar recomendações. O CloroCOVID-19 é um protocolo clínico extenso, que irá nos ajudar a entender se há eficácia no uso da Cloroquina para o tratamento de COVID-19”, explica Lacerda. Antes do CloroCOVID-19, foram realizados estudos na França, China e Estados Unidos.

 

Lacerda explica ainda que o estudo será realizado em pacientes internados em estado grave.

“Sem dúvida, esse protocolo dará muitas respostas importantes para o Sistema de Saúde e para a população. Esperamos que em breve tenhamos bons resultados para compartilhar com a comunidade científica”, frisa o pesquisador.

 

O diretor da unidade, Jorge Mendonça, reafirma o papel estratégico do Instituto para o Ministério da Saúde e o compromisso institucional com a sociedade.

“Caso fique comprovada a eficácia da Cloroquina contra o COVID-19, Farmanguinhos trabalhará ininterruptamente para produzir o medicamento a fim de atender a necessidade da população brasileira”, ressalta. “Neste momento, os Laboratórios Oficiais prestarão todo seu apoio e competência para atender as necessidades dos cidadãos brasileiros, mantendo e apoiando o SUS em seu imenso atendimento em todo o território nacional”, frisa o diretor.

 

O CloroCOVID-19 é viabilizado por uma parceria entre a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam); o Hospital Pronto Socorro Delphina Rinaldi Abdel Aziz; a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD); o Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen/AM); a Universidade do Estado do Amazonas (UEA); e a Fundação Oswaldo Cruz, por meio do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) e do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz).

A todo vapor – Mesmo com a pandemia, o Instituto mantém sua rotina produtiva, atendendo as demandas previstas para este ano e concluindo as Parcerias de Desenvolvimento Produtivo. Para se ter uma ideia dessa polivalência e do atual volume de produção, a unidade está com mais de 8 itens em linha, todos voltados para distribuição no SUS. Dentre eles estão os antirretrovirais Lamivudina+Zidovudina, Nevirapina, Atazanavir e Lamivudina+Tenofovir, o antiparkinsoniano Pramipexol, o antiviral Oseltamivir, o imunossupressor Tacrolimo, dentre outros.

 

“Mesmo com esse momento tão difícil e crítico que estamos vivendo, muitos de nossos profissionais continuam trabalhando presencialmente nas instalações, superando as dificuldades e se empenhando ao máximo, demonstrando um enorme espírito humanitário e pensamento em prol da coletividade. Meus sinceros agradecimentos aos colaboradores de Farmanguinhos. O trabalho e a dedicação de cada um nesse momento crítico salvarão diversas vidas no Brasil. Além disso, quero reforçar nosso pedido à população: Estamos aqui trabalhando por vocês. Fiquem em casa por nós!”, declara Jorge Mendonça.

 

Com isso, Farmanguinhos vem superando todos os desafios a fim de ratificar mais uma vez sua função primordial para o país, mostrando o seu comprometimento com a população, sua capacidade técnica e a sua atuação sempre em defesa da vida.

 

Matéria no site original

Anterior

Aché lança medicamento inédito no mercado brasileiro para combater a elevação do colesterol

Próxima

Anvisa aprova início dos estudos clínicos apoiados pela EMS para uso de hidroxicloroquina em pacientes com coronavírus