V a l o r | 06/06/16

Por Stella Fontes | De São Paulo

 

Com investimento de R$ 120 milhões, o laboratório Cristália desenvolveu o primeiro insumo farmacêutico (IFA, na sigla da indústria) biológico obtido a partir da biodiversidade brasileira, uma colagenase produzida em meio de cultura vegetal. A colagenase, enzima cujo consumo doméstico era integralmente atendido por importações antes do projeto do Cristália, é usada na fabricação de pomadas para tratamento de queimaduras e feridas.

Por ser um isolador de células e ter elevado teor de pureza, a nova enzima pode ser utilizada ainda na separação de células-tronco. De acordo com o presidente do laboratório, Ogari de Castro Pacheco, por causa dessa característica, o insumo chegará ao mercado também na forma de reagente para laboratórios.

A colagenase do Cristália já tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e será apresentado hoje na BIO International Convention, importante evento mundial de biotecnologia que neste ano acontece em São Francisco, nos Estados Unidos. “A produção já foi iniciada e, agora, abre-se uma perspectiva mercadológica”, afirma Pacheco.

A principal diferença da colagenase brasileira para a importada está no meio de cultura do produto biológico: enquanto a do Cristália utiliza uma cepa descoberta no solo de uma propriedade rural em Espírito Santo do Pinhal (SP), a importada é desenvolvida em meio de cultura com proteína animal, que oferece risco de transmissão da doença da vaca louca.

No mercado brasileiro de colagenase, a participação do laboratório está perto de 65% atualmente. Com o novo insumo, a expectativa é a de que essa fatia suba a cerca de 80%, com economia de US$ 10 milhões gerada pela substituição do insumo importado. Para produzir a colagenase, o Cristália construiu uma fábrica dedicada, instalada em seu complexo industrial de Itapira (SP), que já foi dimensionada para produzir o equivalente a até quatro vezes o consumo nacional.

Com isso, a farmacêutica está apta a ampliar exportações, que hoje representam 7% do faturamento – de R$ 1,7 bilhão no ano passado. A meta é dobrar a participação das vendas externas em 2017 e alcançar 15%. Para 2016, comentou Pacheco, a previsão do laboratório é de expansão de 6% do faturamento consolidado. Até agora, o laboratório vai melhor do que o inicialmente esperado e está 10% acima desse orçamento.

 

 

 

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