Pacheco, cofundador da companhia, diz que o setor hospitalar respondeu por 80% do faturamento no ano passado
O Laboratório Cristália viu o faturamento crescer 25% no ano passado com a pandemia. A receita da empresa chegou a R$ 3 bilhões puxada, segundo o cofundador da companhia, Ogari Pacheco, pelo fornecimento de anestésico para o segmento hospitalar usado no tratamento da covid-19.
Pacheco ressaltou que, dos 30 medicamentos contidos no protocolo de atendimento em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) para a doença, a Cristália fornece 24 produtos. Em função disso, o canal hospitalar foi responsável por 80% da receita da companhia no ano passado.
O executivo ressaltou que a companhia investe R$ 73 milhões para ampliar a capacidade produtiva na unidade de injetáveis em Itapira, no interior de São Paulo. Além disso, foram contratadas 100 pessoas para suprir o aumento de demanda e intercalar os turnos para garantir o cumprimento das normas de segurança.
Segundo Pacheco, a companhia conseguiu atender os clientes hospitalares na pandemia, antes da conclusão das obras de expansão, porque mantinha estoque de medicamentos de, pelo menos, 3 meses. “Essa é uma filosofia da empresa. Isso nos permitiu atender os hospitais no primeiro momento e, consequentemente, levou a esse crescimento na receita. Eu prefiro ter esse estoque maior do que ficar com pendências com clientes.”
Agora, com a demanda sempre crescente, Pacheco ressaltou que a Cristália faz uma gestão mais “justa” do estoque. Hoje, a companhia tem um giro de até dois meses, dependendo do produto. “Para atender a todos, fracionamos as entregas. Mas, estamos tentando manter o nível de estoque regulador, de três meses”, disse.
Além da demanda crescente, o executivo diz que a falta de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFA) no mercado mundial dificulta manter o estoque regulador. A Cristália importa 15% da matéria-prima para os medicamentos para covid-19 da Índia e China, o restante é fabricado “dentro de casa”.
“Com a pandemia, os países têm a prioridade de atendimento do mercado local. Exportam o excedente. Então, muitas vezes um pedido que estava previsto para chegar no Brasil em 30 dias, chega em 60 a 90 dias. O fornecimento está irregular.”
O executivo acrescentou que a Cristália está ampliando a produção dos IFAs nacionais. No ano passado, o volume de IFA produzido subiu 160%. “Por causa da nossa produção verticalizada, a dependência de produtos importados é menor. Para se ter uma ideia, para os medicamentos que mais vendemos, dentro do portfólio covid-19, o insumo é feito no Brasil.
O objetivo é que todo esse aumento da capacidade instalada seja realocado para outros medicamentos quando a pandemia se arrefecer. Segundo Pacheco, a ampliação está sendo feita de maneira que a Cristália possa fabricar produtos mais consumidos pelo setor hospitalar.
“A mesma máquina que fabrica injetáveis usados no tratamento da covid-19 pode produzir outros remédios. É sempre conveniente ter, pelo menos, 20% de reserva da capacidade instalada.”
As exportações também poderão ser retomadas quando a crise sanitária estiver controlada, segundo Pacheco. No ano passado, as vendas externas da companhia somaram US$ 4,8 milhões. Em 2019, a Cristália exportou US$ 7,8 milhões. “Estamos vivendo um regime de exceção. Não podemos vender produtos essenciais no tratamento da doença a outros mercados. Tem os que atender a demanda interna e depois outros países.”
Se por um lado a pandemia acelerou a produção da Cristália, por outro fez a companhia adiar o lançamento de produtos no mercado nacional. Pacheco ressaltou que o laboratório deveria apresentar um medicamento para lesões agudas da medula espinhal neste ano. “Os estudos clínicos estão concluídos. É inovador e não há no mercado mundial. Em lesões recentes os resultados são promissores”, afirmou.
Divulgação: Cristália