O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), o Aché Laboratórios e a empresa Phytobios fecharam uma parceria para identificar substâncias bioativas em extratos vegetais da biodiversidade brasileira. Com apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e investimento inicial de R$ 10 milhões, o programa de prospecção da biodiversidade nasce com o objetivo de descobrir e desenvolver novos medicamentos inicialmente nas áreas de oncologia e dermatologia, baseados em moléculas encontradas em plantas de diferentes biomas brasileiros.
O programa é inédito no país por reunir parceiros estratégicos e capazes de integrar todas as atividades necessárias para chegar a um novo medicamento com base na biodiversidade brasileira: o CNPEM, que tem grande expertise no desenvolvimento e condução dos ensaios para a identificação de compostos bioativos utilizando equipamentos de altíssima tecnologia; a Phytobios, que possui mais de dez anos de experiência na condução de expedições de bioprospecção em biomas brasileiros e o Aché, que tem expertise nas etapas de pesquisa e desenvolvimento de medicamentos inovadores, incluindo otimização de moléculas e know-how em fitoterápicos, tendo sido o criador do primeiro produto farmacêutico inovador 100% brasileiro, o Acheflan.
A busca por moléculas bioativas se iniciará a partir de biblioteca de produtos naturais construída pela parceria entre o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) do CNPEM e a empresa Phytobios, biblioteca que irá se expandir com novas expedições nesta nova fase. No acervo, há extratos e frações derivados de centenas de espécies vegetais do Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e Floresta Amazônica. Essas substâncias serão testadas em ensaios de alto desempenho, desenvolvidos para predizer suas atividades biológicas e potencial terapêutico. As substâncias identificadas como promissoras para terapias em oncologia e dermatologia com diversas indicações potenciais serão otimizadas antes de seguirem para avaliações de segurança e eficácia em testes pré-clínicos e clínicos. A expectativa é que novos produtos e tecnologias sejam patenteados e disponibilizados ao mercado em até 15 anos.
De acordo com Kleber Franchini, Diretor do LNBio, o lançamento do programa demonstra que resultados de pesquisas de excelência podem promover a inovação e contribuir para a cadeia produtiva do País. “A participação de uma indústria farmacêutica no projeto evidencia que os conhecimentos gerados nas pesquisas científicas são importantes no cenário contemporâneo, que depende da inovação como competência estratégica. Ao reunir parceiros com expertises complementares, o programa pode, em um futuro próximo, posicionar o Brasil entre os países que têm a capacidade de inovar na criação de medicamentos a partir de compostos presentes em sua própria biodiversidade”, explica Franchini.
Duas décadas de inovação
O Programa de Prospecção da biodiversidade brasileira é mais um passo do processo de inovação da farmacêutica Aché. Desde a década de 90 a empresa trabalha em P&D de novas moléculas. Esses esforços foram fundamentais para o desenvolvimento do Acheflan, o primeiro produto farmacêutico inovador 100% nacional, que tem base na biodiversidade local. Mais recentemente, a empresa construiu o Laboratório de Design e Síntese Molecular, estrutura pioneira no Brasil que busca internalizar as atividades de síntese de moléculas inovadoras, e ingressou no conceituado Structural Genomics Consortium (SGC), um consórcio internacional que busca acelerar o desenvolvimento de novos fármacos através do modelo de Inovação Aberta.
“Fazer algo que ainda ninguém fez é complexo porque é um processo, muitas vezes, de tentativa e erro. A estruturação do programa é um passo importante para o Aché e uma prova de que acreditamos na força da inovação brasileira. O aprendizado de muitos anos de P&D, o apetite ao novo, a construção de uma base científica forte e, principalmente, a valorização do capital humano envolvido neste processo são alguns dos diferenciais que ilustram porque o Aché é a primeira farmacêutica nacional a investir em uma parceria deste alto nível”, diz Vânia Nogueira Alcantara Machado, presidente do Aché.
Inovação sustentável
A dinâmica das pesquisas com a biodiversidade brasileira tornou-se mais simples, menos burocrática e mais esclarecida em relação às regras com a Lei 13.123 de 20 de maio de 2015. Conhecida como Marco da Biodiversidade, a nova legislação regulamentou o acesso à biodiversidade e repartição de benefícios, e garantiu a segurança jurídica necessária para programas de inovação como este.
“Nesse cenário, o Programa de Prospecção da biodiversidade brasileira nasce com o objetivo de desenvolver medicamentos para necessidades médicas não atendidas, a partir da prospecção sustentável de diferentes biomas, respeitando a conservação do meio ambiente e promovendo a prosperidade por meio da inovação”, comenta Cristina Ropke, presidente da Phytobios. O panorama favorável levou a Phytobios a processar produtos naturais também no novo Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação que o Grupo Centroflora, do qual a Phytobios faz parte, está implementando em Campinas-SP. “A proximidade ao campus do CNPEM potencializará ainda mais a interação com os parceiros desta iniciativa”, completa Cristina Ropke.
Fonte: Monitor Mercantil | (Matéria no site original)