No último painel da 8ª edição do Seminário Internacional Patentes, Inovação e Desenvolvimento (SIPID), organizado pela Associação Brasileira da Indústria de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (ABIFINA), representantes do mercado farmacêutico e farmoquímico dialogaram com o chefe do Departamento do Complexo Industrial e de Serviços de Saúde (DECISS) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), João Paulo Pieroni, sobre as expectativas para a o desempenho da indústria diante do cenário econômico e da conjuntura do setor. 

Coordenado por Fernando Sandroni, presidente do Conselho Empresarial de Tecnologia do sistema Firjan, o debate teve ainda a participação de Reginaldo Arcuri, presidente executivo do Grupo FarmaBrasil, e de Alberto Ramy Mansur, presidente do Conselho de Administração da Nortec Química.

João Paulo Pierone, do BNDES, foi o primeiro a falar e expôs dados sobre investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).  O representante do banco discorreu também sobre o desempenho comercial do Brasil e desafios e oportunidades para os próximos anos. De acordo com ele, o ganho de produtividade das empresas que investem em P&D pode chegar a 17% e os retornos sociais são duas a três vezes maiores que os retornos privados. Ele apresentou ainda estudo do BNDES que mostra que a indústria brasileira teve evolução positiva até 2008 e está em crise desde 2013. Um dos sinais é a participação no PIB, em queda de 19% em 2004 para 12% em 2016. 

A complexidade das nossas exportações também vem caindo sistematicamente, ao contrário do que ocorre em outros países em desenvolvimento como China e Índia, enquanto o nível de investimento se estagna. Cada vez mais, exportamos bens não industriais ou de baixa tecnologia, cada vez menos diversificados. “Há uma dificuldade do investimento privado no Brasil deslanchar. Isso reflete na pauta de exportação e na complexidade da economia”, assinalou o especialista. 

Em seguida, foi a vez de Reginaldo Arcuri, da FarmaBrasil, propor um olhar sobre o Brasil competitivo. Em sua exposição, ele defendeu a importância de políticas públicas de qualidade e longa duração, da articulação entre conhecimento científico e produção industrial, e do empresariado nacional inovador. “Temos que ter esse bicho raro que é o empresário nacional e inovador. Tem quem diga que é bobagem, mas americanos dizem que, para certos empreendimentos, não entra quem não nasceu nos Estados Unidos por serem estratégicos”, frisou. 

Alberto Ramy Mansur, da Nortec Química, fez a última exposição do painel. Com uma fala mais técnica, ele esclareceu premissas e conceitos dos IFAs (Insumos Farmacêuticos Ativos) que, segundo ele, consiste na área mais densa em tecnologia de toda a cadeia química e que tem alto potencial de gerar renda e promover empregabilidade a partir do investimento em tecnologia. “É uma indústria que faz pesquisa e inovação. Não há tecnologia para quem faz só uma IFA. O sistema exige que se tenha planta piloto, unidade de engenharia que permita operar com segurança. É isso que gera investimento, renda, inovação e valor agregado”, descreveu.

O VIII SIPID tratou do tema Economia e tecnologia para o desenvolvimento industrial brasileiro. O evento anual da ABIFINA aconteceu no Rio de Janeiro, no dia 7 de dezembro.

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