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Inovação: Estado ou mercado?
A resposta para estimular a inovação e o desenvolvimento da indústria nacional está justamente na articulação entre os dois agentes. A opinião é do professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Ignacio Godinho Delgado. Ele menciona o caso britânico, em que a colaboração entre o sistema nacional de saúde e empresas para desenvolver pesquisas, associada a uma política de compras públicas, tornou o país o quinto produtor de medicamentos do mundo e o segundo na descoberta de novas moléculas. Essa e outras experiências serão abordadas pelo palestrante no V Seminário Estado, Desenvolvimento e Inovação (SIPID). O evento será realizado pela ABIFINA no dia 25 de novembro, na Firjan, Rio de Janeiro.
Doutor em Sociologia e Política, Delgado focará sua apresentação na influência dos sistemas públicos de saúde no desempenho inovador da indústria farmacêutica. Nesse sentido, ele argumenta: “Mesmo nos EUA, paradigma de organização liberal da economia capitalista, o Estado é fundamental no financiamento de pesquisas que são utilizadas pela indústria, não se atendo apenas a funções regulatórias”.
Já na China, consórcios existentes desde 2004 envolvem diferentes atores em projetos nas áreas de biotecnologia, organismos geneticamente modificados, controle e tratamento da AIDS, hepatite e outras doenças. Diferentemente desses países, o Brasil não aproveitou bem o Sistema Único de Saúde (SUS) para impulsionar a inovação em medicamentos, segundo o professor.
Ele observa que falta diálogo entre os defensores do SUS e a indústria farmacêutica brasileira. “A construção dessa coalizão pode impactar as decisões de governo e favorecer um ciclo virtuoso em que o fortalecimento da saúde pública estimule o crescimento da indústria farmacêutica e de sua disposição inovativa”, diz.
Além disso, para o Delgado, o governo brasileiro precisar cumprir um papel mobilizador junto ao mundo acadêmico, aos laboratórios públicos e às empresas privadas, especialmente nacionais, para impulsionar processos de colaboração mais intensos que as Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PPPs) hoje em andamento. “Enquanto no Brasil os diferentes atores seguirem em raia própria, são poucas as chances de se avançar”, afirma Delgado.
E o cenário de freio nos gastos públicos em 2015 pode ser mais um desafio a se enfrentar? “É possível que programas como as linhas de financiamento do BNDES sejam redimensionadas e recursos oriundos de agências como a Finep sofram alguma restrição, mas não deixarão de existir”.
Sobre a ABIFINA
A Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (ABIFINA) tem como missão incentivar o desenvolvimento tecnológico e industrial do setor. Em quase 30 anos de existência, defende junto a órgãos do governo políticas públicas relacionadas à fabricação local, defesa do mercado interno, incentivo às exportações, propriedade intelectual, barreiras não tarifárias e investimento produtivo. Buscando soluções para a competitividade, a ABIFINA também realiza estudos setoriais e oferece consultoria a empresas.