Após grandes contribuições da ABIFINA e de outras representações da indústria nos últimos anos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou, no dia 13 de novembro, o marco legal das Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs), por meio da Portaria nº 2.531/2014. Um dia antes, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, havia antecipado o conteúdo da norma em Brasília. Ele também formalizou mais duas PDPs dentro da nova regra, uma para produção do Infliximabe, usado no tratamento de doenças reumáticas e autoimunes, e outra para um medicamento 4 em 1 contra tuberculose. O assunto será tema da próxima reunião do Conselho Administrativo da ABIFINA, prevista para dia 27 de novembro. 

Assista ao vídeo do lançamento das novas PDPs

Chioro apresentou os detalhes da nova norma no evento “Ciência, Tecnologia e Inovação no SUS: Resultados e avanços de pesquisas estratégicas para o SUS”, que reuniu cerca de 800 pesquisadores, representantes do setor produtivo e gestores de saúde. A ABIFINA participou por meio do presidente, Ogari Pacheco, do 2º vice-presidente, Reinaldo Guimarães, e do diretor de Relações Institucionais, Odilon Costa. Outros membros do Conselho Administrativo da entidade e dirigentes de empresas associadas estiveram no evento.

Em consonância com as posições defendidas pela ABIFINA, Chioro afirmou na abertura do encontro: “A compra pública permite não só diminuir o preço dos medicamentos, mas, acima de tudo, negociar a internalização da tecnologia. As PDPs garantem maior acesso dos usuários ao tratamento, promovem maior economia para o sistema e permitem o desenvolvimento tecnológico dos laboratórios públicos. Estamos falando de autonomia, desenvolvimento, inovação e valorização do nosso complexo industrial”.

Regras claras

A Portaria nº 2.531/2014 vai nesse sentido. A norma indicou novos critérios para a definição da lista de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS). Também criou regras para o estabelecimento das PDPs, que terão prazo máximo de dez anos para serem concluídas. Empresas públicas e privadas podem apresentar até abril seus projetos.

Além disso, segundo o texto da Portaria, o monitoramento das parcerias será contínuo, com análises de relatórios enviados a cada quatro meses pela instituição pública e com visitas técnicas anuais nas unidades fabris públicas e privadas. A Portaria também disciplinou os processos relacionados à transferência de tecnologia e à aquisição, por meio das PDPs, dos produtos considerados estratégicos para o SUS.

“O processo vai se tornar mais transparente e seguro. Criamos a oportunidade para que todos participem, com lista pública, período de apresentação de propostas, regras, prazos, critérios de avaliação e desempate bem definidos”, detalhou o ministro Arthur Chioro.

A nova norma reflete o crescimento da política de desenvolvimento tecnológico nacional, a partir de uma maior articulação do governo com o setor produtivo. Os principais ganhos que ela traz são de tornar claras as responsabilidades dos atores envolvidos, criar prazos fixos e estruturar um fluxo para a aprovação dos projetos, que se inicia com a publicação da lista de produtos prioritários para o SUS no fim de cada ano. 

“Estamos caminhando para uma política de Estado que elege a saúde como elemento estratégico para o desenvolvimento do País, com um modelo de desenvolvimento que promova a inovação e ao mesmo tempo o Estado de bem-estar social”, destacou o secretário de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos, Carlos Gadelha.

Novas parcerias

O Brasil passará a produzir medicamentos de última geração para o tratamento de doenças reumáticas e tuberculose, a partir de PDPs firmadas junto com o lançamento da nova portaria. Elas receberão o investimento estimado de R$ 213 milhões no primeiro ano. 

Um dos produtos a serem fabricados é o Infliximabe, um biotecnológico indicado para o tratamento de doenças reumáticas e autoimunes, como artrite reumatoide e doença de Crohn. É um medicamento de alto custo consumido por cerca de seis mil brasileiros. Para fabricá-lo no País, será firmada a parceria entre os laboratórios públicos Biomanguinhos e IVB, e os privados Bionovis e Janseng-Cilag, no valor de R$ 206 milhões. 

Serão adquiridas 223.712 mil unidades farmacêuticas, que deverão ser entregues pelos laboratórios públicos Biomanguinhos (80%) e IVB (20%). O Ministério da Saúde estima uma economia de R$ 10 milhões ao ano com a compra do medicamento pela PDP.

A segunda parceria visa produzir um medicamento que reúne quatro princípios ativos para tratamento da tuberculose: Rifampicina, Isoniazida, Etambutol e Pirazinamida. Trata-se de uma formulação inovadora no país desenvolvida por Farmanguinhos, em parceria com a indiana Lupin. A fórmula 4 em 1 estimula maior adesão do paciente ao tratamento e evita o aumento da multirresistência da doença. Atualmente, o medicamento é importado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). 

Atualmente, existem 104 parcerias em curso para a produção nacional de 97 insumos de saúde, envolvendo 19 laboratórios públicos e 57 privados. Desse total, 29 já possuem registro na Anvisa e 19 estão no mercado e são comprados de forma centralizada pelo Ministério da Saúde, entre eles oncológicos, antirretrovirais e vacinas. 

Após a internalização de todas as tecnologias, está prevista economia de R$ 4,1 bilhões por ano em compras públicas. Todas as PDPs vigentes têm seis meses para se adequar às novas regras.


 

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