Planta industrial da Nortec tem capacidade para processar 300 ton/ano de princípios ativos


Foto: Guarim de Lorena



Na subida da Serra de Petrópolis (RJ), em uma área bucólica de 40 mil m2, saem princípios ativos inovados que vão abastecer indústrias farmacêuticas de diferentes pontos do globo. Na planta da Nortec Química, localizada no distrito de Xerém, em Duque de Caxias, são fabricados mais de 50 desses produtos que são a “alma” dos medicamentos, por conferirem suas propriedades curativas. Anti-histamínicos, anestésicos, analgésicos, vasoconstritores, broncodilatadores e antirretrovirais são apenas alguns deles.


Por ano, a Nortec investe US$ 9 bilhões – 11% do faturamento – em inovação. A empresa é a única na América Latina, por exemplo, que transforma petroquímicos em anestésicos – aliás, produto que, para uso local, apenas ela faz no Brasil. Para compartilhar seu modelo de inovação, a Nortec abriu as portas de sua fábrica para um grupo de empresários na semana passada, pelo projeto Troca de Experiência e Inovação, promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).


“Temos convênio com todas as universidades do estado”, contou o presidente do Conselho de Administração da empresa, Alberto Mansur. O diretor superintendente Nicolau Lages completou: “Nossa inovação foca no processo produtivo. É desta forma que lucramos e conseguimos sobreviver”, disse.


Genéricos


O mercado de genéricos sustenta o crescimento da Nortec. A empresa acompanha patentes a vencer e, com base na inovação incremental, desenvolve produtos com processos produtivos novos – muitos deles patenteados – e faz até adaptações que vão facilitar a produção dos fabricantes de medicamentos. Diretor presidente da farmoquímica, Marcus Soalheiro dedica a fidelização dos clientes a essa tática de customização.


Atualmente, são 21 produtos em desenvolvimento. “Inovar é como andar de bicicleta: se você parar, cai. Os laboratórios farmacêuticos que trabalham com genéricos vivem de lançar portfolio. Eles precisam de uma grande linha de produtos para encher o canal de distribuição, ocupar as prateleiras com sua marca. Nem têm necessidade de ganhar dinheiro em todos os produtos, mas precisam ganhar espaço”, explica o pesquisador da empresa, Sergio Falomir Pedraza.


Uma das inovações da Nortec, que lhe rendeu prêmios, foi um novo processo para a produção da fosfoteína disódica, substância anticonvulsivante. A partir de outro produto que a empresa fazia, ela mudou o modo de produção da hidrogenação (uso de tanques de nitrogênio) para hidrogenólise (injeção direta do gás). A opção, mais segura na produção, gerou um princípio ativo com maior solubilidade, o que resulta em menos efeitos colaterais.


Baluarte da farmoquímica


Em um setor quase extinto na década de 90, e que hoje pena para encarar a concorrência dos princípios ativos indianos e chineses baratíssimos – e de qualidade duvidosa -, a Nortec é a única farmoquímica do estado do Rio e uma das poucas no País que se manteve de pé. Mais que isso, conseguiu ampliar sua atuação para 20 países. São mais de 250 clientes, além de oito Parcerias Público-Privadas (PPPs). Em uma delas, está produzindo o tenofovir, substância que compõe o coquetel anti-Aids. Nesta área, a Nortec tem experiência acumulada, por ser primeira a ter feito no Brasil o Efavirenz, outra substância antirretroviral.


Criada em 1985, a Nortec iniciou suas atividades dentro da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), uma parceria que lhe deu o viés inovador e que se mantém até hoje. De um espaço cedido em Manguinhos, a empresa construiu nas instalações de Xerém três plantas independentes para síntese química, com capacidade para produzir 300 toneladas de princípios ativos por ano. Esta história continuará em 2012, quando a Nortec pretende expandir a fábrica para dobrar sua capacidade produtiva.



(Fonte: Natália Calandrini para Notícias Protec – 06/10/2011)

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