Segundo especialistas, uma das áreas mais beneficiadas pelo “Complexo Industrial da Saúde” é a geração de empregos.


Agência Notisa – A assistência farmacêutica, a destinação de verba do SUS para os estados e municípios e o Sistema Suplementar de saúde, são temas que, entre muitos outros, segundo Geraldo Biasoto, professor de economia da Unicamp, e Ricardo Oliva, médico especialista em saúde pública, formam o chamado Complexo Industrial da Saúde.


“O complexo abrange um conjunto de atividades produtivas, de compra e venda de bens e serviços e de gestão da ciência e tecnologia, associada ao desenvolvimento do setor. Mais ainda, dentro da lógica de mercado, é um grupo de atividades que conforma um mercado peculiar, dadas suas características intrínsecas, como a distribuição desigual de informação com incapacidade de escolha do consumidor final, entre outras”, explicam no estudo “A saúde brasileira em tempos de renovar o SUS”.


Publicado em abril de 2010 na revista Digesto Econômico, o estudo mostra que, segundo o próprio Ministério da Saúde, o déficit de balança comercial desses produtos é de cerca de US$ 5 bilhões ao ano, em especial pela importação de produtos e equipamentos de grande valor tecnológico agregado, tais como os imunobiológicos, fármacos e medicamentos e equipamentos médicos de diagnóstico por imagem.


“O déficit da balança comercial neste setor é enorme e crescente. O governo federal estabeleceu um programa intersetorial (o PAC-Saúde) para estimular a competitividade e ampliar a produção nacional em todos os setores do complexo, com vistas à redução do déficit e alcance da autosuficiência”, dizem.


No entanto, os pesquisadores ressaltam que a importância do setor saúde não decorre unicamente do seu grande poderio indutor sobre a atividade econômica e de seu impacto nas contas comerciais com o resto do mundo. Segundo eles, o emprego gerado pelo setor é crucial no que toca aos índices gerais de emprego e desemprego, além de cobrir um amplo espectro de profissões e níveis de escolaridade e de rendimento.


“Em 2007, o setor Saúde como um todo era responsável por nada menos que 10,5% da força de trabalho formal do Brasil. Seus serviços respondiam por 3,25 milhões de empregos, enquanto o comércio varejista e atacadista de produtos de saúde era responsável por 500 mil empregos. A indústria (com destaque para medicamentos e equipamentos), os operadores de planos e seguros, a educação e os profissionais de saúde envolvidos em outros segmentos da atividade econômica, completavam os 3,95 milhões de empregos formais gerados pelo complexo da saúde”, explicam no artigo.


Para os especialistas, não há dúvida de que o setor saúde pode ser um pólo gerador de emprego de grande relevância para os próximos anos. “De um lado, empregos para profissionais de alta qualificação devem continuar em crescimento exponencial, alavancados pela contínua introdução de novos medicamentos, equipamentos e materiais e pelos novos serviços envolvidos no cuidado à saúde. De outro lado, as posições para trabalhadores de nível de qualificação menor serão significativamente impulsionadas pelas novas exigências em termos de capacitação e pelas políticas públicas, que apostam na ampliação da prevenção e da vigilância em saúde. Estas tendências deverão reforçar as estratégias de saúde da família, com ênfase para as equipes de saúde, e na qualificação dos profissionais da área ambulatorial e hospitalar, notadamente os técnicos em enfermagem e nas atividades de operação de equipamentos de diagnóstico”, acreditam.


No entanto, segundo o estudo, a possibilidade que se abre para a expansão de emprego no setor terá que ser seguida de maior capacidade do aparelho formador. Isto, em três dimensões: a quantidade, a necessidade de novos programas de capacitação, relacionados às inovações, e o incremento da qualidade de cursos e entidades formadoras.


“Considerando a relevância social da assistência à saúde e a repercussão econômica que ela tem tanto para as instituições públicas e privadas quanto para o cidadão, é necessário a definição de políticas estratégicas de longo prazo, que permitam associar uma política de saúde a um modelo assistencial e a um processo de regulação de oferta e acesso”, dizem os autores na publicação.


Para ver o artigo na íntegra, acesse: http://www.dcomercio.com.br/especiais/outros/digesto/digesto_19_pdfs/04_saude_brasileira_tempos_sus.pdf.


Fonte: Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)
 

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