BNDES busca reconstruir relação com a indústria e retomar agenda de inovação e comércio exterior
O Conselho Administrativo da ABIFINA recebeu o Superintendente da Área de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, João Paulo Pieroni, juntamente com Carla Reis, nova Chefe do Departamento do Complexo Industrial e de Serviços da Saúde, e Vitor Pimentel, Gerente Setorial, em reunião realizada na sede da entidade, no dia 27 de abril.
Durante o encontro, Pieroni falou sobre a importância da nova política industrial do BNDES e os principais desafios a serem enfrentados. Ele destacou a necessidade de reconstruir o relacionamento com a indústria, retomar a agenda de inovação e resgatar a agenda de comércio exterior.
O BNDES tem trabalhado para reconstruir sua atuação e relacionamento com a indústria, após observar um processo de desindustrialização associado à perda de complexidade da indústria brasileira. Segundo Pieroni, o desembolso do BNDES para a indústria ficou abaixo de 20% nos últimos 4 anos, sendo que a média histórica era de cerca de 45 a 50%. Isso pode ser atribuído ao aumento de custos nos financiamentos, já que a TLP penaliza bastante os investimentos na indústria.
Nova política industrial do BNDES será baseada em missões industriais
A nova política industrial do BNDES deve ser formatada num conceito de missões industriais, que colocam um grande desafio nacional a ser endereçado, seja ele um desafio industrial ou social. A governança dessa política será feita pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), recriado nos primeiros 100 dias.
Outro ponto importante é a retomada da agenda de inovação com novos instrumentos, tanto de crédito não reembolsáveis quanto de mercado de capitais. O BNDES busca trabalhar com funding em custo mais adequado para inovação. “A primeira ação mais efetiva será o Banco poder trabalhar com uma taxa TR para inovação e digitalização. O assunto ainda está em tramitação na Câmara, mas é bem possível que a gente passe a ter uma taxa compatível com o desafio que é a inovação nas indústrias”, afirmou.
Pieroni ressaltou a importância de resgatar a agenda de comércio exterior do BNDES, que vem enfrentando dificuldades em relação às exportações de bens. Debates na mídia sobre questões como a exportação de serviços para Cuba e Venezuela afetaram o debate sobre o tema. Além disso, o BNDES tem enfrentado escrutínio de órgãos de controle, o que tem exigido uma reestruturação de todas as áreas e questões de garantias estão sendo trabalhadas.
Durante a reunião, o presidente Executivo da ABIFINA, Antonio Carlos Bezerra, mencionou uma entrevista recente publicada no Valor Econômico, que retrata a história do Grupo Centroflora, uma trajetória, que de certa forma, outras empresas associadas à ABIFINA também percorrem. Para Bezerra, a reportagem trás o desafio do custo de financiamento para impulsionar o avanço das empresas e sua ascensão no mercado, além de mostrar que é fundamental preservar o legado e, ao mesmo tempo, olhar para o futuro e investir em inovação. “Nesse sentido, as sinalizações de Pieroni na reunião são muito encorajadoras”, afirmou o presidente.
Chefe do Departamento de Complexo Industrial e de Serviços de Saúde destaca importância da saúde para o desenvolvimento
Carla Reis, Chefe do Departamento do Complexo Industrial e de Serviços da Saúde, enfatizou em sua apresentação a importância da saúde para o desenvolvimento. Ela listou como prioridades em saúde: fortalecer a inovação e a produção de produtos estratégicos para o SUS – lembrou que a meta anunciada pelo Ministério da Saúde é produzir localmente 70% do que o SUS adquire ou utiliza, o que é um desafio grande para fortalecer a indústria de IFAs; adensar a pesquisa e desenvolvimento em saúde; inserir a indústria de equipamentos e materiais na transformação digital do SUS; incluir a saúde como vetor de uso sustentável da floresta em pé; posicionar o Brasil como hub de produção e inovação em vacinas e inserir o Brasil na reestruturação das cadeias globais de valor – oportunidade para o Brasil se posicionar como fornecedor para os outros países mais próximos, que também buscam diversificar seus fornecedores em relação à China e Índia.
Carla também destacou o acordo com Embrapii, que destinou R$ 20 milhões para projetos em cooperação com ICTs, visando o desenvolvimento de novos medicamentos, fármacos e biofármacos, dispositivos médicos e insumos farmacêuticos ativos (IFAs). Por fim, se colocou à disposição para conversar e ouvir ponderações, tanto individualmente quanto em relação às necessidades específicas da empresa, para construir políticas públicas adequadas para o setor.
Marcelo Mansur, diretor Presidente da Nortec Química participou da reunião de forma presencial, enquanto demais representantes das empresas associadas à ABIFINA, acompanharam o encontro de forma virtual. Todos tiveram oportunidade de tecer comentários e esclarecer dúvidas sobre o que foi apresentado.