ABIFINA recebe presidente da EMBRAPII
O Conselho Administrativo da ABIFINA recebeu no dia 25 de setembro, em reunião realizada na FIRJAN, o diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), professor Jorge Almeida Guimarães. A iniciativa faz parte do esforço da associação em estreitar relações com a instituição e aproximar o setor da química fina dos mecanismos de financiamento à inovação. Guimarães apresentou detalhes sobre as operações da Embrapii desde sua fundação e anunciou que a entidade prepara uma chamada pública para o setor da saúde em convênio com o Ministério da Saúde.
Em operação há cinco anos, a Embrapii foi criada para estimular o ambiente de pesquisa, desenvolvimento e inovação no país, financiando diretamente projetos de PDI desenvolvidos em parcerias entre empresas e centros de pesquisa selecionados (unidades Embrapii). “Buscamos financiamento governamental permanente, pois não se faz inovação com empréstimo bancário”, afirmou Guimarães. O objetivo é possibilitar que o Brasil saia do patamar de 1,2% para 2% do PIB investidos em PDI.
Modelo Embrapii
O modelo operacional da Embrapii foi criado de forma a desburocratizar, agilizar e flexibilizar o financiamento e a contratação de projetos de inovação por empresas com atuação no país. Os projetos são negociados diretamente pelas empresas interessadas com as unidades Embrapii. Tais unidades correspondem a centros de pesquisa selecionados a partir de editais públicos. Para serem credenciados, os centros precisam comprovar um faturamento para empresas de, no mínimo, R$ 5 milhões nos três anos anteriores à chamada pública.
Os contratos de parceria com as unidades duram seis anos, período durante o qual os centros têm autonomia para negociar diretamente com as empresas. “A Embrapii não faz chamada de empresas”, ressalta Guimarães.
O modelo de financiamento é tripartite. A Emprapii aporta um terço do valor do projeto em recursos não reembolsáveis. Os outros dois terços são de responsabilidade da empresa contratante, que entra com recursos financeiros próprios, e da unidade Embrapii, cuja participação geralmente corresponde aos custos de infraestrutura.
Dessa forma, a Embrapii busca reduzir o custo de entrada das empresas interessadas em desenvolver projetos de inovação. “Nosso modelo é fast track. Adotamos a flexibilidade, pois sem isso seria muito difícil para as empresas entrarem no segmento da inovação”, argumenta Guimarães.
Setores químico e farmacêutico
A Embrapii possui hoje 42 unidades credenciadas espalhadas por todo o Brasil. Desde sua fundação, a estatal já apoiou quase 800 projetos, de cerca de 500 empresas, e desembolsou R$ 420,6 milhões. Dos 318 projetos já concluídos, 195 resultaram em pedidos de propriedade intelectual. Apesar dos resultados expressivos, Guimarães reconhece que a participação da indústria química nos projetos ainda é baixa e afirma que existe espaço para crescer. Hoje, o setor representa apenas 7,5% do valor aportado pela estatal e 10,6% do total de projetos apoiados – e, desses, quase metade foi contratada somente em 2018.
Entre as unidades Embrapii com projetos na área da química, estão o Instituto Senai de Inovação em Engenharia de Polímeros (Senai/Polimeros), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT-Materiais), o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) e o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE).
Guimarães avalia que há espaço para crescer também no setor farmacêutico. “A indústria farmacêutica ainda não descobriu o modelo Embrapii como um modelo interessante para fazer inovação”, lamenta o presidente da estatal.
O dirigente espera que o quadro mude com o lançamento de uma chamada pública em convênio com o Ministério da Saúde (MS). O objetivo é induzir a inovação no setor, intensificando o desenvolvimento de projetos de PDI pelas unidades Emprabii no âmbito da saúde. Estão previstos o fomento de projetos estratégicos, via encomendas para o Ministério, e o credenciamento de novas unidades com foco nas áreas de interesse do MS. Ao todo, serão cinco áreas temáticas: pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos e Biofármacos; estudos pré-clínico; pesquisa clínica (Fase I); equipamentos e dispositivos médicos e hospitalares; terapia gênica.
O edital está pronto, mas depende de liberação orçamentária para ser lançado. A expectativa é que saia ainda este ano, mas não há previsão de data.
Restrição orçamentária
Guimarães garante que a restrição orçamentária pela qual passa o país não alterou os desembolsos dos projetos financiados. “Nós não atrasamos um único pagamento até hoje”, comemora. No entanto, ele reconhece que a Embrapii está trabalhando aquém da sua capacidade. “Teríamos fôlego para investir até R$ 250 milhões, mas nosso orçamento previsto para este ano é de apenas R$ 150 milhões”, revela. Isso impossibilita a publicação de novos editais – o último foi realizado em 2017. “Nós só abrimos novas chamadas quando os recursos são liberados”, complementou.
Apesar disso, o tom é de otimismo. “Claro que poderíamos fazer muito mais com mais dinheiro, mas o dinheiro aplicado pela Emprabii se multiplica através de impostos e geração de empregos”, afirma Guimarães. O presidente-executivo da ABIFINA, Antonio Bezerra, compartilha do entusiasmo. “A Emprabii é um oásis no atual cenário”, afirma. O presidente do Conselho Administrativo da ABIFINA, Sergio Frangioni, também esteve presente ao evento e parabenizou Guimarães pelo esforço de aproximar a Embrapii do setor da química fina.
Para saber mais sobre a Embrapii, leia o artigo de Jorge Guimarães, diretor-presidente da Embrapii, publicado na Revista Facto. http://www.abifina.org.br/revista_facto_materia.php?id=757