Em entrevista ao Valor, Nelson Brasil de Oliveira, vice-presidente da Abifina, fala sobre o Complexo Industrial da Química Fina e sua extensa variedade de produtos
Responsável por 21% do faturamento do setor químico no país, o complexo industrial da química fina abrange uma extensa variedade de produtos, que vão dos chamados intermediários de síntese, que constituem o elo entre a química de base e a química fina, até os intermediários de uso ou de performance, que são os princípios ativos, e as formulações, misturas ou composições contendo tais produtos, denominadas especialidades, que incluem fármacos, medicamentos, vacinas, defensivos agrícolas e animais, catalisadores industriais, corantes e aditivos.
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (Abifina), os intermediários químicos de síntese são fabricados por meio de sínteses químicas, a partir de matérias-primas da química orgânica básica, de origem petroquímica ou da biomassa, e atendem a especificações técnicas definidas em normas internacionais. Os intermediários de uso também seguem padrões internacionais e têm características de aplicação muito bem definidas, como nos casos de matéria-prima para a fabricação de remédios e alimentos ou utilização industrial. Já as especialidades da química fina caracterizam-se por elevado conteúdo tecnológico e por se destinarem ao mercado final de produtos de grande valor unitário. “Algumas empresas consideram química fina exclusivamente os princípios ativos que utilizam, o que é um conceito equivocado”, explica Nelson Brasil de Oliveira, vice-presidente da Abifina.
As principais cadeias produtivas da química fina são a de fármacos e produtos farmacêuticos e a indústria de defensivos agrícolas, que juntas representam 93% do complexo industrial. Ambas são reguladas e controladas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que estabelece especificações rigorosas de produção, movimentação, embalagem, transporte, estocagem e comercialização. Os defensivos e seus intermediários químicos são registrados como medicamentos. Como estes, precisam trazer informações detalhadas sobre os ativos utilizados em sua formulação e os respectivos fabricantes.
Os princípios ativos do segmento de fármacos são intermediários destinados exclusivamente a medicamentos. Já na cadeia de alimentos, segundo Oliveira, o controle não é tão rigoroso. Há necessidade de registro do produto final, mas não do princípio ativo. “Quando o laboratório faz o registro do medicamento, tem que dizer qual é o princípio ativo, quem o fabrica e onde fabrica. Na área de alimentos, considera-se só o produto que vai ser comercializado”, diz o executivo da Abifina.
“O segmento de química fina de farma é um mercado extremamente regulamentado, em que é essencial atender a todos os requisitos locais”, diz Tatiana Kalman, diretora de nutrição & saúde da Basf para América Latina. Para isso, segundo ela, a empresa conta com uma equipe de suporte a vendas e marketing formada por profissionais experientes nas áreas técnica, regulatória e supply chain. Além de produtos do setor farmacêutico, a divisão de nutrição e saúde da Basf desenvolve, produz e comercializa uma vasta gama de produtos para nutrição humana e animal. Entre os produtos de nutrição humana estão vitaminas e carotenóides, esteróis de plantas, emulsificadores e ácidos graxos ômega-3. A empresa produz também ingredientes aromáticos como citral, geraniol e L-mentol para o setor de sabor e fragrância.
“Para garantir a pureza do produto, temos um controle rigoroso, que vai desde a produção até a entrega final ao cliente”, diz Elaine Matos, gerente de marketing de propileno glicol da Dow para a América Latina. O produto, um intermediário químico, um solvente para vários produtos orgânicos insolúveis em água, é utilizado em dois tipos de aplicação: para a fabricação de produtos farmacêuticos, alimentos, produtos de cuidados pessoais e fragrâncias, em uma versão com alto grau de pureza, e para uso industrial, na fabricação de resinas, plásticos, indústria de tintas e setor de petróleo. Líder mundial em tecnologia e fabricação do produto, a Dow abastece a América Latina a partir de sua fábrica em Aratu (BA).
Segundo Elaine, no caso do produto para utilização humana, o Propileno Glicol USP/EP, a pureza de 99,8% faz toda a diferença para garantir sua sanidade e aplicação segura, isto é, sem contaminação. Na indústria farmacêutica, o produto é utilizado em xaropes e vacinas. Na indústria alimentícia, é usado como solvente e estabilizador nas formulações para cobertura de sorvete, bolos, bolachas, como antidescongelante de alimentos congelados e como agente inibidor da proliferação de bactérias, entre outras aplicações.
No setor de cosméticos, é utilizado para fabricação de xampu, condicionador, pasta de dente, enxaguante bucal, demaquilante, hidratante para pele, sabonete, desodorante e creme de barbear.
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