Comitiva composta por entidades setoriais e parlamentares debate desafios do setor químico

Divulgação ABIFINA

As instituições mais importantes da indústria química brasileira fizeram uma visita inédita no dia 4 de novembro ao Polo de Camaçari, na Bahia, o maior complexo industrial integrado do Hemisfério Sul. O objetivo foi debater os desafios do setor químico e apresentar oportunidades do Polo quanto a novas tecnologias, práticas sustentáveis, geração de empregos e renda, desenvolvimento socioeconômico e arrecadação de impostos. A atividade incluiu visita às plantas da Braskem, representando o setor petroquímico, e da ITF Chemical, esta última associada à ABIFINA, representando o setor farmoquímico.

A associação compôs a comitiva, junto com outros grupos ligados ao Instituto Nacional de Desenvolvimento da Química (IdQ) e deputados federais da Frente Parlamentar da Química (FPQuímica). A ação foi articulada por essas duas entidades. 

Participaram da visita os deputados federais Afonso Mota, Daniel Almeida, Ivoneide Caetano e João Carlos Bacelar, além do vice-governador da Bahia, Geraldo Júnior.

O Polo Industrial de Camaçari representa 22% do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria de transformação baiana e contribui, anualmente, com mais de R$ 3 bilhões em arrecadação para o estado da Bahia.

Nos últimos anos, o setor vem enfrentando um ciclo de baixa mais severo e alongado. O cenário torna-se ainda mais desafiador em função do alto volume de importações. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), no primeiro semestre de 2024, foram mais de US$ 29 bilhões de produtos importados, com déficit de US$ 22 bilhões na balança comercial.

Para Fernanda Costa, especialista em Cadeia Química, Relações Governamentais e Internacionais da ABIFINA, a visita mostra a relevância do setor industrial no Brasil. “É importante que os parlamentares conheçam a cadeia de química fina, como, por exemplo, a produção de um medicamento. A partir do refino de petróleo pela Petrobras, a Braskem pode produzir os petroquímicos básicos, como olefinas e aromáticos, que serão transformados em inúmeros intermediários de síntese. Estes, por sua vez, serão utilizados no processo de síntese dos Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs), que farão parte dos medicamentos que consumimos”, explica.

“Mas, sem essa cadeia de produção, não é possível dar efetividade às políticas públicas elaboradas pelos parlamentares. Sem a produção dos IFAs e dos medicamentos, não há o acesso à saúde pela população”, complementa Fernanda.

Por dentro das fábricas

A comitiva visitou os setores de Produção e P&D da ITF Chemical. A multinacional italiana produz, no Brasil, Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs). Atualmente o Brasil importa cerca de 90% dos IFAs que consome, embora produza aproximadamente 70% dos medicamentos acabados. A dependência de importados pode ser significativamente reduzida com maior incentivo à indústria de química fina no Brasil. Essa é uma pauta constantemente trabalhada pela ABIFINA com parlamentares e que foi relembrada na visita.

Segundo Leoncio Cunha, diretor superintendente da ITF Chemical, a empresa está realizando investimentos da ordem de R$ 49 milhões para ampliar a capacidade produtiva do produto ferrolat, utilizado para combate à anemia, com previsão para entrada em operação em abril de 2026, contribuindo para a geração de empregos e renda para o Brasil.

“Se vocês verificarem nosso portfólio na área farmacêutica, verão que ele abrange a saúde da mulher, que é um leque inimaginável de produtos. Temos mais de 300 produtos apenas nessa área, incluindo tratamentos para metabolismo, biologia, psiquiatria, trombose e outras condições. Esses produtos fazem uma diferença significativa no tratamento da população”, ressaltou Cunha.

Os visitantes conheceram ainda a planta de produção do IFA cloridrato de Sevelâmer. A ITF é a única produtora no Brasil desse insumo, por meio de Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) junto com o laboratório Cristália e Farmanguinhos. Toda a transferência de tecnologia para a produção do medicamento já foi realizada para Farmanguinhos. Assim, o medicamento fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é totalmente produzido no Brasil, com IFA nacional, fabricado pela ITF.

O diretor industrial da Braskem na Bahia, Carlos Alfano, destacou as ações da empresa na região. “Nesta visita, os membros da Frente Parlamentar da Química puderam conhecer os investimentos que a Braskem tem feito nos últimos anos, com iniciativas pioneiras para uso de energias renováveis e de descarbonização. Em 2023, a companhia investiu cerca de R$ 1 bilhão nas unidades industriais da Bahia, o que representa um impacto relevante na economia do estado”.

Nas instalações da empresa, Alfano apresentou a Sala de Controle da Central de Matérias-Primas (Cemap), onde é feito, em tempo real, o monitoramento dos processos produtivos da unidade. Com uma capacidade de produção de mais de 5 milhões de toneladas de petroquímicos básicos e resinas termoplásticas por ano, a Braskem gera cerca de 5 mil empregos diretos e indiretos em suas oito unidades industriais instaladas no Polo de Camaçari.

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