A Cristália vai romper sua tradição de fechar parcerias com empresas de seu porte para alçar voos mais agressivos, agora com destino a Europa e aos Estados Unidos. A indústria farmacêutica de Itapira, no interior de São Paulo, esta negociando uma parceria uma gigante global de medicamentos para o licenciamento da patente da sílica nanoestruturada – um adjuvante vacinal inovador, que permite que vacinas antes administradas apenas de forma injetável possam, a partir de agora, serem administradas em gotas. A promessa da empresa é que o adjuvante será usado em vacinas terapêuticas como hepatite B e gripe, de forma mais barata, sem risco de contaminação e com a mesma eficácia.

Hoje, só a vacina Sabin, contra paralisia infantil, é administrada oralmente. Na maioria dos casos, a vacinação é feita por via parental (intradérmica e intramuscular), já que o ambiente do estômago destrói as partículas de proteínas responsáveis pelo estímulo imunológico.

Ogari Pacheco, presidente da Cristália, não revela os nomes dos interessados, mas afirma que a movimentação financeira com os royalties que a empresa deve ganhar com a exploração do novo adjuvante chegue a US$ 100 milhões por ano. O valor é bastante significativo para a empresa, que deve chegar neste ano ao primeiro bilhão, depois de um faturamento de cerca de R$ 600 milhões no ano passado. Desse total, cerca de 6% são investidos em pesquisa.

Pesquisa

O adjuvante foi criado pela equipe do professor Osvaldo Sant’ anna, do Laboratório de Imunoquímica do Instituto Butantan com a ajuda de técnicos do Laboratório Cristália, e promete uma revolução no campo da imunização em massa. “Quando uma população é imunizada, é comum que uma parte não fique protegida. Uma das inova- ções do adjuvante é aumentar essa proporção”, diz Pacheco. Ele está entusiasmado com a chegada do produto ao mercado. A vacina contra Hepapite B é a primeira com adjuvante e deve ser liberada pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) dentro de 18 ou 24 meses.

A Cristália já conseguiu patente da substância em quatro países, África do Sul, México, Coreia do Sul e Índia. “As regras internacionais são parecidas, mas ainda levaremos mais uns dois anos para ter a patente nos EUA e Europa”, explica.

A Cristália doou aos governos Federal e Estadual a patente da sílica nanoestruturada, que poderá ser usada em todas as campanhas públicas de vacinação. “Só não vamos abrir mão da patente para uso veterinário e em países com economia desenvolvidas”, diz Pacheco. Países pobres da África também não precisarão parar pela patente.

Regiane de Oliveira
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Fonte: Brasil Econômico

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