REVISTA FACTO
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Informando ABIFINA • Fevereiro 2006 • ISSN 2623-1177
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//Artigo

Desafios energéticos

Em 2020 seremos, segundo previsões de diferentes organismos internacionais, oito bilhões de seres humanos. Para a indústria de energia será um grande desafio atender às necessidades crescentes desta enorme população. Ao atendimento da demanda soma-se a necessidade de universalizar o uso de formas modernas de energia, uma vez que hoje mais de dois bilhões de pessoas não têm fornecimento comercial deste bem de primeira necessidade. Desafio ainda maior será o de desenvolver e disponibilizar fontes de energia renováveis e limpas, como aquelas a serem obtidas pela fusão nuclear.

Com o fortalecimento da consciência ambiental, a sociedade passa a exigir a utilização de energéticos não poluentes e um desenvolvimento, não predatório, sustentável.
São bem conhecidos os efeitos devastadores das emissões de gases decorrentes da queima de combustíveis fósseis, como o carvão mineral e o petróleo: danos na camada de ozônio, elevação da temperatura do globo, chuvas ácidas, poluição, doenças respiratórias e muitos outros.
O suprimento de petróleo, considerada a atual tecnologia, se tornará extremamente crítico em 2040 ou, no máximo, em 2060. Ele, juntamente com o gás natural (petróleo na fase gasosa), responde, hoje, por dois terços da energia primária consumida no mundo.
O século XXI poderá vivenciar uma crise energética de grandes proporções caso não sejam adotadas rigorosas medidas para desenvolver fontes alternativas, renováveis, e para racionalizar o consumo das formas atualmente em uso.
Não há carência de fontes de energia. O que ocorre é a falta de tecnologias e o aporte de recursos para transformar as fontes disponíveis em energia economicamente competitiva.
A energia é, fora de dúvidas, o componente vital, fundamental e indispensável da civilização contemporânea. É condição primordial para o conforto e a mobilidade do homem moderno. Sem ela a vida humana seria impossível.
No panorama energético mundial, o Brasil desfruta de condições excepcionais, o que lhe garantirá um futuro de progresso e desenvolvimento se soubermos defender os nossos recursos e aproveitar as potencialidades que a natureza nos legou.
No setor petróleo/gás, com a Petrobras, atingiremos a auto-suficiência já em 2006. Temos produção crescente, com reservas crescentes. A nossa indústria petrolífera é nova (tem 66 anos, contra quase 150 anos da norte-americana), o que nos garante novas descobertas nos próximos anos. Neste setor, onde os sucessos da Petrobras são inquestionáveis, a grande ameaça é representada pelos leilões da ANP, que podem transferir para empresas estrangeiras decisões estratégicas da indústria, com a abertura para exportação de grandes volumes de óleo. Isto poderá predar as nossas reservas, criando uma dependência desnecessária no futuro.
Temos um enorme potencial hidráulico, ainda longe de ser utilizado na sua plenitude.
No setor nuclear, que responde por menos de 1% da energia primária utilizada no País, as nossas jazidas de urânio, lítio e outros minerais com potencial para aproveitamento nesta área, bem como a tecnologia desenvolvida pela INB também nos garantem um futuro promissor.
A disponibilidade de centenas de milhões de hectares de terras agricultáveis, as condições de insolação, dos ventos, nossas reservas na área da biodiversidade – representam cerca de 25% das disponibilidades mundiais –, os resíduos da agricultura, o grande volume de lixo no meio urbano – pode ser aproveitado por tecnologia genuinamente nacional –, a variação das marés, etc., abrem amplas perspectivas para o Brasil.
Somente com o bagaço de cana, estima-se, podemos contar com uma potência da ordem de 7,7 milhões de Kw.
O potencial eólico é enorme, equivalente a 144 milhões de quilowatts. 
Também temos condições singulares para o aproveitamento da energia solar e, na biomassa, somente nos resíduos florestais o potencial estimado é de 28 milhões de Kw.
Todas estas possibilidades dependem exclusivamente de nós, brasileiros. Exigem um esforço de coordenação, e, portanto, o retorno às atividades de planejamento energético, abandonadas pela orientação neoliberal do governo passado, que levou o País a sucessivos apagões.
Necessitam, também, de investimentos maciços em tecnologia e na execução de projetos capazes de expandir a oferta de energia.
Um esforço enorme e uma batalha que certamente venceremos. Mãos à obra!

Ricardo Maranhão
Ricardo Maranhão
Engenheiro, Vice-Presidente da AEPET.
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