REVISTA FACTO
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Abr-Jul 2019 • ANO XIII • ISSN 2623-1177
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COORDENAÇÃO E BONS PROJETOS PARA MAIORES INVESTIMENTOS NA INDÚSTRIA
//Artigo

COORDENAÇÃO E BONS PROJETOS PARA MAIORES INVESTIMENTOS NA INDÚSTRIA

Na publicação do seminário “Desafios para a Reindustrialização Nacional”, promovido pela Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados em 2017, são demonstradas várias faces da desindustrialização brasileira e busca-se responder à pergunta: “Por que reindustrializar o País?” Resumidamente, os dados apresentados revelam o fato de que produtividade e crescimento econômico de longo prazo estão diretamente relacionados a evoluções nas capacidades produtivas da indústria, que, por meio de inovações, incorpora ganhos sucessivos de eficiência e desenvolve novos produtos e atividades capazes de realimentar o crescimento.

A participação da indústria de transformação na economia foi de 11,3% em 2018, conforme resultados divulgados pelo IBGE a partir das Contas Nacionais Trimestrais, menor patamar da série divulgada (2000-2018). Estrutura e capacidades produtivas precisam urgentemente voltar a expandir, pois a queda de participação da indústria destrói capacidades e limita o potencial de crescimento futuro da economia. Isso será possível quando retomarmos uma taxa de investimento superior ao necessário para repor a depreciação das estruturas já instaladas. Nos anos de 2016 e 2017, a taxa de investimento foi da ordem de 15% do PIB, patamar anual mais baixo da série histórica observada (2000-2018) e considerado insuficiente para repor a depreciação do estoque de capital.

O crescimento registrado na taxa de investimento em 2018 interrompe a trajetória de queda iniciada em 2014 e reflete as expectativas e dados de produção do período. Mais especificamente quanto aos segmentos representados pela ABIFINA, de acordo com dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (IBGE/PIM-PF), a produção de farmoquímicos e farmacêuticos apresentou uma recuperação de 6% na média de 2018, após registrar seu menor nível em 2017.

Com atuação destacada no apoio ao setor produtivo no Brasil, o fluxo de contratações do BNDES nos últimos anos refletiu o comportamento do investidor. A contratação de financiamentos com a indústria voltou a subir em 2018, após queda expressiva nos anos de 2015 a 2017. Espera-se que no segundo semestre de 2019, depois de concluída a agenda da reforma da Previdência, haja uma retomada mais forte desse indicador ao passo que avancem os investimentos.

Para 2019, esperamos um crescimento nos investimentos da indústria química de pelo menos 10% em relação a 2018. No entanto, cabe ressaltar que essa taxa parte de um volume baixo de investimentos observados nos anos recentes. Se por um lado o governo está imbuído de agenda de reformas com o objetivo de aplainar o caminho para a expansão do capital produtivo de forma geral, da qual cabe destacar a reforma Tributária, por outro lado, há um conjunto de medidas com foco no aumento da concorrência que impactarão mais diretamente a indústria, como é o caso do acordo de comércio entre o Mercosul e a União Europeia, e demais medidas voltadas a uma maior abertura comercial. No caso da indústria química, deve-se destacar o programa do governo com foco no desenvolvimento do mercado de gás natural, apresentado em junho de 2019.

O programa “Novo Mercado de Gás” tem como finalidade a formação de um mercado de gás natural mais aberto, dinâmico e competitivo, e está baseado em quatro pilares: promoção da concorrência, integração do setor de gás com setores elétrico e industrial, harmonização das regulações estaduais e federal e remoção de barreiras tributárias. Dessa forma, espera-se prover condições que permitam a elevação do volume da produção e a redução do preço ofertado do produto nos próximos anos, com impacto direto sobre a competitividade de empreendimentos industriais que utilizam o gás natural tanto para fins energéticos quanto como matéria-prima. A indústria química é o maior consumidor industrial do insumo, superior inclusive ao setor de transportes, e é, portanto, quem concentra o maior conjunto de oportunidades de investimento que poderão ser viabilizadas a partir da nova condição do mercado de gás.

“Para 2019, esperamos um crescimento nos investimentos da indústria química de pelo menos 10% em relação a 2018. No entanto, cabe ressaltar que essa taxa parte de um volume baixo de investimentos observados nos anos recentes”

Diante das boas perspectivas para uma retomada dos investimentos, nós, que atuamos no setor industrial, precisamos nos coordenar, debater e estruturar bons projetos, que servirão de base para o avanço da capacidade industrial no Brasil. O BNDES tem uma atuação reconhecida na estruturação de grandes projetos de infraestrutura, e acredito que podemos utilizar essa experiência para catalisar investimentos na indústria.

Além da capacidade de estruturação das soluções financeiras mais adequadas a cada empreendimento, o BNDES conta hoje com um conjunto mais amplo de produtos para atendimento a clientes de diversos portes. Foram três lançamentos recentes, com destaque em produtos voltados para um melhor atendimento a médias empresas do setor industrial, os quais são apresentados abaixo:

  • Finame Direto: crédito pré-aprovado para aquisição ou produção de máquinas e equipamentos credenciados no BNDES;
  • BNDES Direto 10: financiamento direto a projetos ou planos de investimento com valores entre R$ 1 milhão e R$ 10 milhões, em Educação, Saúde, Bens de Capital, Tecnologias de Informação e Comunicação, Mobilidade, Inovação, Economia Criativa, Eficiência Energética e Geração Distribuída; e
  • BNDES Crédito Direto Médias Empresas: financiamento direto, não dependente de projeto, para investimentos e capital de giro não associado, com valor mínimo de R$ 10 milhões em um horizonte de até cinco anos.

Essas novas soluções são resultado de um trabalho contínuo do BNDES de aprimoramento de suas ferramentas de crédito, com foco na melhoria do atendimento às empresas e geração de impactos para a sociedade. Trata-se de um esforço possível através do conhecimento compartilhado e articulação com diversos agentes da indústria e do governo.

Por fim, gostaria de encorajar as empresas do setor a compartilhar suas oportunidades de investimento para que possamos contribuir na definição das melhores soluções para a sua realização.

Pedro Paulo Dias Mesquita
Pedro Paulo Dias Mesquita
Gerente Setorial no Departamento de Indústrias de Base e Extrativa do BNDES.
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