REVISTA FACTO
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Jul-Set 2011 • ANO V • ISSN 2623-1177
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Preservação ambiental é substrato para novos negócios
//Entrevista Peter Andersen

Preservação ambiental é substrato para novos negócios

Cinquenta anos é muita história para contar. Que o diga a fabricante de extratos vegetais Centroflora, que acompanhou as transformações da sociedade brasileira no que toca a produção associada à biodiversidade. A empresa cresceu criando soluções para demandas socioambientais no Brasil, proporcionando à indústria condições de produção, ao mesmo tempo em que favorece o desenvolvimento econômico do campo e preserva o meio ambiente. O presidente do Grupo Centroflora, Peter Andersen, faz parte dessa empreitada desde os anos 80, quando sua família adquiriu parte do negócio. Hoje sua detentora exclusiva planeja expandir as atividades. Andersen relembra, na entrevista a seguir, os momentos cruciais para a consolidação do Grupo e revela os planos para o futuro.

Quais foram os fatos marcantes na história do Grupo Centroflora?

A Centroflora foi fundada em 1957 e nossa família entrou para o negócio nos idos dos anos 80. Por toda sua existência, vivenciamos diversas fases e enfrentamos muitos desafios. Sempre atentos às tendências, buscamos, dentro de nossa realidade, estar à frente do mercado. A disponibilização de extratos vegetais na forma seca é um marco importante em nossa história. Isso nos levou a incorporar ao nosso portfólio uma unidade destinada exclusivamente à desidratação de produtos por spray dryer. Depois, com a entrada de um acionista estrangeiro, viabilizamos a expansão de nossos negócios e, mais uma vez atentos às tendências mercadológicas, sediamos nossa empresa em uma área rural, inserida em remanescente de cerrado.

Foi nessa mesma época, no início dos anos 2000, que tomamos a decisão de alinhar nosso negócio às tendências de responsabilidade ambiental e social. Em 2002, fundamos o Instituto Floravida, uma organização sem fins econômicos que realiza diversos projetos socioambientais. Já em 2003, adquirimos nossa unidade de processamento de pilocarpina e áreas agrícolas nos tabuleiros litorâneos do Piauí. No final de 2010, a holding da família readquiriu a totalidade das ações do Grupo Centroflora. Há alguns anos, estamos em contínuo processo de profissionalização da empresa, o que tem se refletido em nosso exponencial crescimento. Neste momento, estamos estruturando uma provável expansão no Nordeste, focando em nossas as áreas agrícolas dos tabuleiros e na nova Zona de Processamento de Exportações(ZPE) do estado do Piauí, além de diversos projetos de inovação, em parceria com clientes que estão em nosso portfólio, para lançamento nos próximos anos.

O que o Grupo Centroflora faz para alcançar sua missão de fornecer produtos e serviços com qualidade assegurada e sustentabilidade?

São diversas as estratégias elaboradas para alcançar nossa missão. Trabalhamos para ampliar nosso percentual de rastreabilidade de matéria-prima vegetal usada na fabricação dos extratos. Também é parte do nosso alicerce o investimento contínuo na atualização profissional de nosso corpo técnico e em equipamentos, além dos controles inerentes ao sistema de gestão de qualidade em padrão farmacêutico. Talvez outro alicerce seja a forma como fazemos negócio. Acreditamos que qualquer atividade, para ter sucesso, precisa levar benefícios para todos os atores envolvidos.

Como funciona o programa “Parcerias para um mundo melhor?”

Criamos o programa com o objetivo de aproximar todos os elos da cadeia produtiva dentro de um conceito de parceria, ou seja, de relações em que prevalece o ganha-ganha. Engajamos nossos clientes, visando disponibilizar um produto melhor ao consumidor final. É pelo Parcerias que viabilizamos o fornecimento de matéria-prima vegetal em escala industrial, com rastreabilidade, livres de resíduos tóxicos e de manipulação genética. Assim, nossos cultivos seguem os preceitos orgânicos, preferencialmente com pequenos agricultores, fomentando o desenvolvimento local e o biocomércio ético. Também acreditamos que é desta forma que podemos promover a conservação da biodiversidade, que é, para a Centroflora, substrato de novos negócios.

Que produtos já foram lançados a partir do programa?

Podemos citar alguns casos de sucesso, como a cadeia de suprimentos da cordia, utilizada no medicamento Acheflan, e da passiflora incarnata, do Sintocalm. Estes são alguns casos de produção agrícola. Como exemplos de nossa atuação em projetos de manejo florestal não madeireiro, temos o jaborandi, que dá origem à pilocarpina, o mate, o barbatimão, entre outros.

A Centroflora conta também com o projeto Tabuleiros. No que consiste esta iniciativa?

É um projeto governamental que visa o desenvolvimento da região, no Piauí, por meio da agricultura por irrigação, com área total de aproximadamente seis mil hectares. Os tabuleiros estão sediados na cidade litorânea de Parnaíba. São áreas com grandes canais abertos de irrigação, que levam água do Rio Parnaíba para os agricultores do semi-árido piauiense. Foi o lugar que o Grupo Centroflora escolheu para desenvolver sua área de cultivo própria. Atualmente estamos em franca expansão desta divisão do negócio. Já temos cultivado em nossas áreas acerola orgânica, jaborandi, jambu e cordia. Lá o ambiente é extremamente favorável à produção de frutas. Nossos planos visam ampliar as áreas de produção própria e com parceiros, inclusive aumentando o número de produtos, com destaque especial para as frutas orgânicas, entre elas abacaxi, caju, manga, goiaba, maracujá e frutas cítricas, usando nosso já consagrado modelo de parcerias que privilegia a inserção dos agricultores e respeita a vocação regional.

Qual é o trabalho socioambiental realizado pelo Instituto Floravida em Botucatu, no estado de São Paulo, e em Parnaíba?

De forma geral, os projetos nasceram da demanda existente nas comunidades do entorno de nossas unidades fabris. O objetivo primário na época da fundação do Floravida era justamente propiciar a interação da empresa com a comunidade onde estava inserida. Desta forma, criamos projetos que atuam desde o atendimento de adolescentes em situação de vulnerabilidade, passando pela educação ambiental e centro de triagem de animal silvestre, até a manutenção de um posto de saúde. Conforme amadurecemos nosso conhecimento sobre a forma de atuação do terceiro setor, o Floravida passou a ter na educação ambiental seu foco de atuação nos mais variados projetos. Neste contínuo processo de aprendizado, mais recentemente, o Floravida incorporou em sua atividade o engajamento com as comunidades fornecedoras de matériaprima vegetal do Grupo Centroflora. Hoje temos claro que o Floravida está apto a nos auxiliar nas questões vinculadas à repartição de benefícios e a fortalecer, sob a ótica do terceiros setor, nossa atuação na viabilização das mais diversas cadeias de suprimentos de matéria-prima vegetal.

Como o Departamento de Inovação, que é diretamente ligado ao sucesso do Grupo, atua nas atividades da empresa?

Desde 2005, observando as demanda de mercado e visando melhor atender nossos clientes, criamos uma divisão focada na viabilização de novos produtos fitos. São projetos que envolvem desde o campo até a indústria. Temos atuado junto com nossos clientes nos desenvolvimentos deles, evitando retrabalhos e maximizando as chances de êxito. Na área agrícola, nosso desafio é viabilizar o cultivo ou o manejo florestal, muitas vezes de espécies pouco estudadas. Já na parte fabril, podemos atuar desde a determinação da melhor rota extrativa em bancada, transpondo-a para escalas piloto e industrial.

A Centroflora apoia o cliente em questões de acesso ao patrimônio genético relacionadas à fase de pesquisa e desenvolvimento?

Visto a restritiva regulamentação em biodiversidade e a relevância da propriedade intelectual em nosso negócio, compomos um time multidisciplinar para agregar conhecimentos jurídicos que acompanham todo o processo de desenvolvimento. Assim, muitas vezes auxiliamos os clientes no entendimento da complexa legislação de acesso a recursos genéticos e conhecimento tradicional associado. Para nós, está claro que a carteira de projetos da área de inovação garante a perpetuação de nosso crescimento e um futuro promissor.

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